sexta-feira, 6 de junho de 2008

10- Sobre Negros e a Família Real.

A Família Real chegou ao Brasil em 1808. Dom João VI e sua comitiva instalou-se no território nacional por ser ameaçado na Europa por Napoleão Bonaparte, Imperador francês. Um ano após a chegada do Regente, criou-se a Secretaria de Polícia e com ela foi organizada a Guarda Real de Polícia. Para chefiar essa instituição recém elaborada foi nomeado para chefia-la o Major Nunes Vidigal; perseguidor implancável dos Candomblés, das rodas de samba e em especial, os capoeiras.


Para os capoeiristas o major reservava um tratamento especial. Uma espécie de surras e torturas a que chamava de “Ceia dos Camarões”.


O Major Vidigal foi descrito como um “homem alto, gordo, do calibre de um granadeiro, moleirão, de fala abemolada, mas um capoeira habilidoso, de um sangue frio e de uma agilidade a toda a prova, respeitado pelos mais temíveis capangas de sua época. Tinha habilidades invejáveis quando jogava o pau, a faca, o murro e a navalha, sendo que nos golpes de cabeça e de pés era imbatível.


O lingüista Antônio Moraes Silva, na segunda e última edição que deu vida de sua obra, Diccionario da Língua Portugueza, inclui também o vocábulo capoeira. Após isto, o termo entrou no terreno da polêmica e da investigação etimológica, envolvendo nomes como os de José de Alencar, Beaurepaire Roham e Macedo Soares.


No ano de 1821, a Comissão Militar do Rio de Janeiro, em uma carta dirigida ao Ministro da Guerra, reclamava do “negros capoeiras, presos pelas escolas militares, promovendo desordens”, e em função dessa atividades “ilícitas” reconhecia a necessidade urgente de serem castigados publicamente pelos atos praticados.


No entanto, os capoeiras eram um “mal necessário”. Vez por outra, frequentemente chamados de desordeiros, assumiam o papel de heróis. Caso que ficou explícito na revolta do Batalhões Mercenários composto de irlandeses e alemães, que abandonaram seus quartéis, no Campo de Santana, São Cristóvão e Praia Vermelha, promovendo grande carnificina, matando e saqueando.







J.M. Pereira da Silva






Esse episódio é relatado por J.M. Pereira da Silva em “Memórias do Meu Tempo” entre os anos de 1840 à 1886, que os “sublevados foram atacados por magotes de pretos denominados capoeiras, travando com eles combates mortais.









Johann Moritz Rugendas.










O pintor alemão, Johann Moritz Rugendas, na segunda década do século XIX, quando esteve no Brasil, fazendo parte na missão alemã de Langsdorff, assim descreveu essa atividade realizada pelos negros nos momentos de “descanso”. “Os negros tem ainda um outro folguedo guerreiro, muito mais violenteo, a capoeira: dois campeões se precipitam um contra o outro, procurando dar com a cabeça no peito do adversário que desejam derrubar. Evita-se o ataque com saltos de lado e paradas igualmente hábeis; mas, lançando-se um contra o outro mais ou menos como bodes, acontece-lhes chocarem fortemente cabeça contra cabeça, o que faz com que a brincadeira não raro degenere em briga e que as facas entrem em jogo, ensanguentado-a.”

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