terça-feira, 10 de junho de 2008

11- SOBRE A ABOLIÇÃO DO TRÁFICO NEGREIRO






























Eusébio de Queirós Coutinho Matoso da Câmara)












11- Sobre a abolição do tráfico negreiro.


A Lei Eusébio de de Queirós (Eusébio de Queirós Coutinho Matoso da Câmara) foi publicada em 1850. Ela reprimia o tráfico negreiro. Após esse ato, contrário a ecravidão de negros, surgiram várias sociedades antiescravistas que de forma unificada em 1883, foram agregadas pela liderança nacional da Confederação Abolicionista.

Algumas dessas sociedades criadas para fazer pressão sobre a situação dos negros, como a dos Caifazes de Antônio Bento, propunham-se a realizar ações nos mesmo moldes daquelas em que a etnia negra era tratada no interior das fazendas. Entre essas ações destacavam-se:

  • Surrar capitães -do-mato,
  • Promover fugas das fazendas,
  • Criar quilombos.


Os argumentos dos abolicionistas eram bem variáveis e de difícil contestação, deixando bem claro que a escravidão era um entrave ao desenvolvimento do país, pois impedia o crescimento do mercado, a evolução técnica, corompia o trabalho, a moral e a família.





O português Plácido de Abreu Morais publicou em 1886 o romance “Os Capoeiras”, que focaliza os rituais que faziam parte da Capoeiragem no Rio de Janeiro. No preâmbulo do romance, o autor transcreve um vocabulário da gíria que vigorava naquele tempo. Eis ele na íntegra:





“Cambar, passar de um partido para outro.
Arriar, deixar de jogar capoeiragem.
Distorcer, disfarçar ou retirar por qualquer motivo.
Tapear, enganar o adversário.
Tungar e balear, ferir o inimigo.
Trastejar, dar um golpe falso.
Alfinete, biriba, biscate e furão, estoque ou faca.
Sardinha, navalha.
Caçador, tombo que o capoeira dá, arrastando-se no chão sobre as mãos e o pé esquerdo e estendendo a perna direita de encontro aos pés do adversário.
Rabo de arraia, volta sobre o corpo, rodando uma das pernas de encontro ao inimigo.
Moquete, marretada, soco.
Banho de fumaça, tombo.
Alto da sinagoga, rosto.
Grampear, pegar à unha o adversário.
Passo de constrangimento, vacilação do inimigo quando leva um tombo ou é vencido; ato de retirar-se cabisbaixo.
Passo de siricopé, pulo que dá o capoeira depois que faz negaça, para ferir.
Pegada, encontro de dois partidos inimigos.
Marcha, procura de adversário.
Vou ver-te cabra, ameaça para brigar.
Carrapeta, pequeno esperto e audacioso que brama desafiando os inimigos.
Bramar, gritar o nome da província ou casa a que pertence o capoeira.
Senhora da cadeira, Santana.
Velho carpinteiro, S. José.
Velho cansado, S. Francisco.
Senhora da palma, Santa Rita.
Espada, Senhora da Lapa.
Sarandaje, pequenos capoeiras, miuçalha.
Endireitar, enfrentar com o inimigo.
Mole, covarde.
Leva, leva, grito de vitória, perseguição ao inimigo.
Baiana, joelhada que se dá depois de se haver saracoteado para tapear o inimigo.
Chifrada, cabeçada.
Encher, dar bordoada.
Bracear, dar pancada com os braços.
Melado, sangue.
Firma, não foge.
Caveira no espelho, cabeçada na cara.
Porre, pifão, bebedeira.
Topete a cheirar, cabeçada.
Não venha, que sais do passinho mole, sê prudente, porque levas um tombo.
Lamparina, bofetada.
Pantana, volta sobre o corpo aplicando os pés contra o peito do adversário.
Branquinha, aguardente.
Está pronto, está ferido.
Foi baleado, foi ferido.
Quero estia, quero tasca, senão bramo, quero parte disto ou daquilo, roubado, senão denuncio.
Deixa de saliências, não contes patranhas.
Rujão, batalhão ou sociedade.
Roda, vamos embora.
Desgalhar, fugir da polícia.
Jangada, xadrez de polícia.
Palácio de cristal, detenção.
Chácara, casa de correção.
Fortaleza, capela, taverna.
Piaba, sem valor.
Dar sorte, (diversas aplicações) cair em ridículo ou cousa bem desempenhada.
É direito, é destemido.”



Morais, em função da atividade que exercia de apoio à cultura do Brasil, especificamente a capoeira, foi morto em emboscada planejada e executada por seus adversários políticos.



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