quinta-feira, 12 de junho de 2008

13- SOBRE O CAMINHO DA CAPOEIRA.

A alvorada do século XX estava iniciando e com ela as lutas sociais. Precisava-se dar um formato diferenciado à sociedade brasileira que adentrava nesse período, e com um sólido propósito, diminuir o anominato cultural, principalmente da etnia negra. Ela possuía liberdade, mas não tinha meios de mantê-la. Isto porque foi-lhe dada simplesmente sem nenhum um projeto de apoio para que essa classe social tivesse algum respaldo para progredir.

É nesse ínterim que, através de pesquisas e relatos, constatamos a criatividade e a inteligência do negro. Inicia-se, a partir desse momento, um movimento para a obtenção de manutenção da vida. Ele lançou-se, afim de conseguir meios de subsistência, praticar sua arte/luta/dança, para obter, a princípio, algum ganho e depois, utilizá-la como prática de inclusão social.

O jornalista Alberto Bessa, na sua obra a Gíria Portuguesa, em 1901, define a capoeira como “jogo de mãos, pés e cabeça, praticado por vadios de baixa esfera (gatunos).

Na primeira década do século XX, um motim ocorrido em quatro navios, na Baía da Guanabara, no Rio de Janeiro, denominado “A Revolta da Chibata” que tinha como protesto principal, combater os maus tratos recebido, contra o suplício e a tortura ainda existentes na Armada, vestígios da mentalidade oligárquica escravista, João Candido, negro nascido no Rio Grande do Sul, filho de ex-ecravos, denominado pela imprensa como “Almirante Negro”, assume o Comando do movimento. A princípio foram feitas promessas que, com o passar do tempo não foram cumpridas pelo governo da época.

A Capoeira, arte/luta/dança nacional, continua seu caminho. Morrem os capoeiristas mas ela, continua agregando elementos culturais de outras etnias. Essa fusão deixava-lhe mais estruturada e vigorosa sempre promovendo encontros de diversas tendências.

Em Salvador, desde a década de 1910 são criadas as “escolas de capoeira”. E, como sabemos, por força de leis, todas clandestinas. Nesse mesmo período no Rio de Janeiro, os capoeiristas cariocas também possuíam espaços reservados ao treinamento da luta, alguns deles frequentados por pessoas pertencentes a elite. Um relato da época de Inezil Penna Marinho assim ficou registrado: “Aqui no Rio, Sinhozinho mantém uma academia no Ipanema, destinada a moços grã-finos que desejam ter algum motivo para se tornar valentes”.

As maltas de Recife chega a hora final em 1912, coincidindo com o nascimento do frevo; o passo, que é a movimentação dele, é filho da capoeira. Como nos conta Edison Carneiro, escritor brasileiro, principalmente dos temas afros, em sua obra Cadernos do Folclore de 1971, “a hora final chegou para as maltas de Recife, mais ou menos em 1912, coincidindo com o nascimento do frevo, legado da capoeira (melhor diria, 'o passo', que é a dança; o frevo é a música que o acompanha). As bandas rivais do Quarto (4º Batalhão) e da Espanha (Guarda Nacional) desfilavam no carnaval pernambucano protegidas pela agilidade, pela valentia, pelos cacetes e pelas facas dos façanhudo capoeiras que aos saracoteios desafiavam os inimigos: 'Cresceu, caiu, partiu, morreu'. A polícia foi acabando paulatinamente com os moleques de banda de música e com seus líderes. Entre eles destacavam-se: Nicolau do Poço, João e Totó, Jovino dos Coelhos, até neutralizar o maior deles, Nascimento Grande”.


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